Olavo de Carvalho partiu e nos deixou com um resquício do seu conhecimento diante dos
seus livros, artigos e vídeos, mas, para mim a maior contribuição que Olavo poderia ter feito ao
povo brasileiro foi a teoria sobre as 12 camadas da personalidade. Mas, por quê? Com o
relativismo abundante que existe na modernidade os homens vivem suas vidas em prol de
pequenos desejos mundanos e metas esdrúxulas. A maioria dos brasileiros querem viver apenas
para ter um bom emprego e conseguir um bom dinheiro para sustentar suas necessidades; você
vive uma vida inteira perseguindo um objetivo, que ao ser concretizado, todo o resto da sua
existência perde o rumo, e, consequentemente, o que deve ser feito com ela dali pra frente. Isso,
causa tristeza, ansiedade e outros milhões de sentimentos em seu subconsciente, por ter criado
uma idealização de vida em algo que o sentido é totalmente vago
Depois de conhecer a teoria das 12 camadas, consegui enxergar além do que é
necessário para se ter uma estabilidade de dever cumprido ao final da sua vida, e todos aqueles
que compreendem isso também percebem que o medo da morte é sentido somente por aqueles
que em sua vida não fizeram nada de digno, e, muito menos, contribuíram para o
engrandecimento de algo ou alguém. O medo do desconhecido e do provável fim de toda sua
existência pode apavorar aqueles que nunca nem pensaram na possibilidade de serem
lembrados após sua vida. Visando uma vida muito mais nobre, que somente essa vida de
realizações fracas e sofrimentos inerentes, Olavo de Carvalho apresentou as camadas e as
formas de superá-las, para, assim, atingir ao seu maior nível, que seria o “eu diante de Deus”
depois de tudo vivido. Como seria a sua percepção de tudo que você fez diante de um ser de
grandeza infinita?
A primeira camada é a Astrocaracterologia, esta seria as inclinações que a pessoa já tem desde
quando ela já nasceu. Ninguém escolhe ter determinadas inclinações ou propensões e isto já está
lá, em seu corpo, antes de se tornar consciente como indivíduo. Notamos uma facilidade em agir
de um jeito e uma dificuldade em agir de outro. Isto já está dado. Para Olavo, essa seria a ciência
que poderia explicar as características anteriores ao corpo; teria como saber o porquê de
algumas pessoas já terem determinadas propensões à moralidade por parte deste estudo. Seria o
primeiro passo para você conhecer a si mesmo e a sua propriedade, seu corpo. Sendo assim, a
primeira camada é portanto a comprovação da essência do ser, o jeito que somos e nunca
mudaremos, pois é o que somos desde o começo até o final.
A segunda camada: Psicologia do destino, na primeira camada, vimos que todas as pessoas já
nascem com uma predisposição para algo e nessa, vemos o fator da hereditariedade atuando no
ser. Para explicar melhor esta camada da personalidade humana, o psiquiatra Italo Marsili
recomenda o conceito de outro psiquiatra, o Húngaro Lipot Szondi. Ele fala sobre a Teoria do
Inconsciente Familiar, o qual diz que é possível explicar o que motiva as pessoas, entendendo
que seus antepassados pedem a repetição de seus sucessos e fracassos. Para o Dr. Lipot
Szondi, há nas pessoas uma inclinação a repetir os processos de seus familiares antepassados.
Podemos notar isso quando as crianças que não têm uma boa base familiar são mais propensas
que as outras a entrarem em problemas e não terem uma conduta tão boa, baseando-se em tudo
que seus pais demonstram ou fazem desde que esses adquirem o entendimento do que está
acontecendo.
A terceira camada do aprendizado. Nesta camada, aparece, pela primeira vez, uma motivação
consciente na pessoa: o aprendizado primário. Surge o elemento de liberdade e indeterminação.
Não se trata do aprender para se gabar, enriquecer, passar em provas, por curiosidade ou para se
sentir bem. Quando uma criança começa a aprender, sua motivação é primária e o conhecimento
não é instrumento de outra intenção. Na infância, começamos a ter a motivação de aprender para
entendermos o mundo que nos cerca, e, assim, entendermos tudo ao nosso redor. Essa prática
deve ser incentivada no começo da nossa vida para que o “aprender” se torne um prazer e uma
busca genuína pela verdade.
A Quarta Camada possui como centro de interesse o afeto interior. Conhecido pelo Professor
Olavo como, o mundo dos seus sentimentos historicamente consolidados – o ser humano já
possui um acúmulo de experiências e a vida passa a ter uma significação. Assim, constrói- se
uma personalização do mundo emocional. O tempo é excepcional nessa camada, pois o
indivíduo começa a fazer planos para o futuro, cria uma fronteira em relação ao passado e está
em constante busca pela aprovação do “eu”. Todavia, necessita do afeto contínuo, ou seja, uma
atenção ao cotidiano dessa pessoa, então surge, como resposta comportamental, o vitimismo.
Aqui está a procura pela felicidade por meio desse mundo imaginário afetivo e significativo.
A Quinta Camada, o homem busca a autodeterminação do ego. O foco nessa camada, diferente
da quarta, a qual se transita a questão da “felicidade versus infelicidade”, nesta predomina o
duelo “vitória versus derrota”. A individuação se sobrepõe como destino do ser humano mostrar
para ele mesmo que pode alcançar seus objetivos. Como autor da própria vida, almeja
ultrapassar os obstáculos do mundo exterior, sem o uso dos sentimentos, mas sim, de rebeldia e
revolta, sendo o sujeito criador de situações apenas com o intuito de tentar provar algo para si
próprio.
A Sexta Camada, está apontada para a conquista de habilidades. Não mais focando em sentir e
provar seu valor, mas, sim, em obter resultados reais. O dinheiro nessa camada também é um
alvo a atingir, mesmo que para o próprio indivíduo essas ações não sejam de extrema relevância
para si, pois o que vale é adquirir lucro e contagem. Nesse ciclo, depois do ser humano ter
ultrapassado a camada sentimental, ele está preparado para ouvir críticas do mundo exterior e
encará-las para obter sucesso. Organização, preocupação com horários são pontos chaves para
quem se encontra nesta fase.
A Sétima camada é quando o homem encontra, ou tenta encontrar, seu papel social perante a
comunidade que vive. Depois de buscar conquistar habilidades na sexta camada, o indivíduo,
agora, vai tentar atribuir valor à sociedade com essas habilidades e conhecimentos adquiridos. O
sujeito percebe que só ele pode entregar o que a coletividade demanda. Ele percebe que tem um
dever a cumprir. Muitos possuem papéis sociais por causa do cargo, mas não da habilidade. São
médicos e não sabem exercer a medicina, advogados e não sabem exercer o direito, políticos e
não sabem exercer a política. Não estamos falando deles.
A Oitava camada é o confronto do indivíduo perante a morte, depois das realizações de sua vida,
como ele seria lembrado após a morte? ele teria deixado algum tipo de legado ou contribuição
para a sociedade? O indivíduo encontra-se diante da finitude de sua vida e é convidado a refletir.
Algumas pessoas, confrontadas com a ideia de um fim, percebem que, diante da morte, fariam
outra coisa, com outra qualidade e intensidade. Na oitava camada da personalidade vive-se um
drama, um sofrimento muito específico.
Chegando a Nona camada, temos a vida intelectual do indivíduo, a qual ele busca a todo custo o
conhecimento para descobrir a verdade do mundo que o cerca, desde as noções básicas até os
maiores questionamentos sobre a vida e a existência de tudo. Não se trata de simplesmente
estudar, pois há analfabetos na nona camada. A motivação é conhecer e viver imerso na verdade,
não importa o que aconteça.
A Décima camada, trata-se da camada da vida moral. Uma vez conhecida a verdade, vive-se e
age-se diante dela. A questão é: tudo o que faço na minha vida corresponde à verdade? O
indivíduo se vê como um representante da espécie humana, dotado de autoconsciência e
responsável por seus atos. Ele se vê de um ângulo no qual qualquer outro em seu lugar também
encararia da mesma forma.
Na Décima Primeira camada, ao passar um tempo constante no agir moral, alcança-se a
camada do “eu histórico”. Ora, quem assim agiu por muito tempo, gera um efeito na história. Sua
personalidade marca a história. Aqui, é a camada onde após a morte o homem ainda tem seu
valor, onde todas as ações dele foram tão importantes, que mesmo depois da sua vida toda, sua
obra ecoa pela eternidade.
E finalmente, na Décima Segunda camada, o homem fica diante de Deus. Não se trata apenas
de estar diante do fim, da morte. A pessoa se vê diante de um observador onisciente, do destino
final. Deus conhece todas as coisas, todos os corações, o melhor e o pior. O homem que
consegue caminhar por essas camadas e entender o valor disso em sua vida, se torna mais que
um cidadão comum, se torna uma “game change” assim como Olavo foi para os rumos do Brasil.
O caminho a ser perseguido é o mais árduo e o mais difícil, mas ninguém nunca falou que seria
fácil.