Analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central elevaram as projeções de inflação para 2026. Os números são do Boletim Focus, divulgado na tarde desta quarta-feira, 22. Segundo o relatório, o IPCA deve encerrar este ano em 5,89%, 0,10% acima da semana passada projeção e 0,89% acima do teto da meta atual, que sobe para 5%.
Em 2024, o mercado projeta IPCA em 4,02%, ante 4% na semana passada. A projeção para 2025 aumentou para 3,78% e para 2026 a projeção é de 3,70%. A visão do mercado de pressão inflacionária de longo prazo respalda a discussão do governo federal sobre metas de inflação e taxas de juros.
A deterioração do cenário inflacionário ocorreu em uma semana de relaxamento dos ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados mais próximos da implementação da política monetária pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Lula passou a questionar tanto as metas de inflação quanto o patamar da taxa básica de juros em 13,75%. Os ataques crescentes pesam sobre as taxas de juros futuras e sobre a taxa de câmbio, pressionando ainda mais a inflação do país. Na reunião do Conselho Monetário Nacional da semana passada, da qual participam o governo federal e o Banco Central, não houve votação sobre uma possível mudança na meta de inflação. O debate criou instabilidade, aumentando os riscos e pressionando as taxas de inflação e de juros.
O presidente Lula defende a mudança da meta já para este ano. Enquanto o governo Lula defende 4,5%, o BC estaria disposto a discutir uma variação um pouco menor. O CMN definiu metas para 2023 (3,25% e 3% como meio da meta e 1,5 pontos de tolerância) e deve estabelecer metas a partir de 2025 até o meio do ano.